Manuel Vicente em visita a Bangui

O Vice-Presidente da República, Manuel Vicente, participa hoje em Bangui, em representação do Chefe de Estado, na cerimónia de investidura do novo Presidente da República Centro Africana, Faustin-Archanage Touadéra, de quem se espera a consolidação da paz, da estabilidade e reconciliação no país.

Touadéra, último primeiro-ministro do ex-presidente François Bozizé, derrubado em 2013, venceu as eleições este ano com 62,71 por cento dos votos contra 37,29 por cento do seu rival, Anicet-Georges Dologuele. Agora, a expectativa gira em torno de Touadéra, que tem a responsabilidade de recuperar os anos de atraso económico a que o país esteve submetido.
O director para África e Médio Oriente do Ministério das Relações Exteriores, Joaquim do Espírito Santo, sublinhou que a tomada de posse de Touadéra “tem um grande simbolismo, na medida em que representa o culminar de todo o esforço da região da África Central e da Região dos Grandes Lagos”, presidida por Angola, e que tem estado sempre envolvido na busca de soluções pacíficas para a situação na RCA.
Joaquim do Espírito Santo referiu que o apoio de Angola para a consolidação da paz na RCA vai continuar, levando as instituições do país a trabalhar para esse fime, sobretudo, incentivando o processo de reconciliação nacional. “A crise na RCA levou a um conflito étnico e religioso. A consolidação da paz e da estabilidade deve continuar a contar com o apoio da comunidade internacional, da região e, sobretudo, de Angola”, realçou.
O director para África e Médio Oriente do Ministério das Relações Exteriores garantiu que o processo vai continuar e que Angola procurará estabelecer uma cooperação de âmbito bilateral com a RCA em sectores como os transportes, mais concretamente no ramo da aviação civil. A TAAG efectua já voos para RCA e a Endiama desenvolve uma cooperação frutífera com as instituições locais na área diamantífera. Até há pouco tempo, o sector dos diamantes da RCA funcionava na perspectiva informal.
Ao realçar a importância que o momento representa para os países que sempre se bateram pela paz na RCA, Joaquim do Espírito Santo lembrou que a instabilidade naquele país começou em 2012, quando o grupo Séléka tomou o poder pela força e tornou o país num “palco de violações e assassinatos” e “desagregação do tecido económico”, situação que conduziu a um estado de anarquia.
“Hoje assistimos ao culminar deste esforço que levou a que houvesse um engajamento sério e a um acompanhamento da comunidade internacional, o que permitiu a realização de eleições livres e justas”, notou, destacando o papel de Angola ao longo de todo o processo. Daí o simbolismo que a cerimónia de investidura representa para Angola, que seguiu todo o processo com muita atenção e dinamizou a cimeira tripartida que envolveu o Presidente José Eduardo dos Santos, o Presidente Denis Sassou Nguesso, do Congo e Idriss Déby, do Chade. A Cimeira decorreu em Luanda e fez uma reflexão profunda sobre a origem do conflito na RCA e encontrou uma fórmula que levou a que o processo terminasse com eleições livres e justas.
“É uma etapa nova que vai permitir à República Centro Africana recuperar o que perdeu e se desenvolver, com o apoio da comunidade internacional e, sobretudo, recuperar o seu tecido económico”.
A RCA é um país com uma extensão de 630 mil quilómetros quadrados e uma população estimada em quatro milhões de habitantes. Tem como recursos o urânio, os diamantes e uma considerável rede hidrográfica e madeira.

JORNAL DE ANGOLA

30 de Março de 2016

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