Crianças de nove, 12 e 14 anos foram aliciadas e ameaçadas pelos adultos.
Veja como agir em caso de comportamento estranho dos filhos na internet.
Dois homens e uma mulher foram presos pela polícia na semana passada por suspeita de pedofilia, assédio e armazenamento de pornografia infantil no Rio e em São Paulo. Nos dois casos, a prisão só foi possível porque os pais das crianças --dois irmãos de nove e 12 anos de Niterói, e uma adolescente de 14 anos da capital paulista--, ao desconfiarem da mudança no comportamento dos filhos, passaram a monitorar as atividades deles no computador e registrar todas as conversas com os aliciadores.
As famílias, que não querem se identificar, falaram ao Fantástico sobre como colaboraram com a polícia a coletar provas contra os suspeitos."Eu beijei ele naquela noite, eu deixei ele na cama dormindo e ele levantou e acordou para retornar à internet para falar com esse rapaz", contou a mãe das crianças de Niterói. "No meio da madrugada ele foi até o meu quarto e pegou o celular do pai. E ficaram conversando durante uma hora, uma hora e pouca, no celular. Meu filho, com esse rapaz."
O homem é conhecido como Betinho, de 21 anos. Ele foi preso pela polícia na última terça-feira (28) e pode responder por assédio, armazenamento de pornografia infantil e ameaça. A pena pode chegar a dez anos de prisão.
Procurado pela reportagem, o advogado dele disse que não vai falar porque o processo corre sob segredo de Justiça.
Entre as provas contra ele estão mensagens que a mãe encontrou depois de perguntar aos filhos com quem tanto conversavam na internet e descobriu que se tratava de um usuário que usava uma foto sua de quando era adolescente. "Ele solicita que eles tirem a roupa e mostrem para ele." O suspeito gravou as imagens e passou a ameaçar as crianças.
A mãe gravou ainda uma conversa telefônica do filho com o homem, que teria dito frases como "Ó meu Deus, você é muito fofo, eu queria estar aí agora". Quando o suspeito foi preso, a polícia disse que encontrou, no computador dele, fotos pornográficas de menores de idade.
Espartilho Na casa da adolescente de 14 anos que foi aliciada por um casal em São Paulo, a desconfiança dos pais começou quando ela recebeu um presente estranho. "Imagina uma menina de 14 anos ganhar um espartilho", contou o pai. "Ela pegava o notebook, sentava no sofá, era de quatro a cinco horas e isso tudo foi me chamando muito a atenção."
Os pais decidiram tomar uma atitude extrema. Ambos pediram demissão dos empregos --ele é frentista; ela, auxiliar de cozinha -- e instalaram um programa-espião no computador da filha, que enviava ao computador dos pais, a cada hora, um registro de todos os passos virtuais da garota. As atividades suspeitas eram encaminhadas à polícia.
Foram dez dias seguindo todas as conversas dela com Rodrigo, um técnico de telemarketing de 36 anos, e Luciana, uma professora universitária de 35, casal suspeito de pedofilia que foi preso na quarta-feira (29).
Eles podem pegar entre um e oito anos de prisão. A defesa do casal de São Paulo não foi localizada pela reportagem do Fantástico. Com eles foram apreendidos chicotes, máscaras, algemas, seringas, coleiras e roupas de couro. Objetos usados em rituais de sexo com violência.
Em uma das conversas gravadas, Rodrigo teria dito: "Te achei linda mesmo simpática, sincera, meiga e muito legal". A menina chegou a encontrar pessoalmente com o casal, e o pai, durante a investigação, descobriu que fotos dela amarrada haviam sido publicadas em uma página na internet sobre sadomasoquismo.
"Eu desmontei na hora, né. Fiquei muito nervoso, fiquei muito aflito. Mas eu tinha que ficar calmo, porque aí eu percebi que eu estava lidando com criminosos", disse o pai da adolescente, que agora passará por acompanhamento psicológico.
Provas
A atuação dos pais, segundo a polícia, foi essencial para que os suspeitos fossem presos. "Foi fundamental para o nosso trabalho, essa parceria do pai com a polícia. Dificilmente a polícia conseguiria, nesse tempo, sem as informações do pai, chegar aos autores", afirma Genésio Léo Júnior, delegado titular da investigação em São Paulo.
A atuação dos pais, segundo a polícia, foi essencial para que os suspeitos fossem presos. "Foi fundamental para o nosso trabalho, essa parceria do pai com a polícia. Dificilmente a polícia conseguiria, nesse tempo, sem as informações do pai, chegar aos autores", afirma Genésio Léo Júnior, delegado titular da investigação em São Paulo.
Marcello Braga Maia, delegado que investiga crimes contra menores de idade, afirmou que os pais foram responsáveis pela produção das provas. “Imprimiram as conversas que realmente demonstravam que os filhos estavam sendo atraídos, e comprovaram o crime."
O pai da adolescente agora respira mais aliviado. "É ponto para a gente que é trabalhador, que quer o bem dos nossos filhos. É ver esse tipo de gente preso, na cadeia", diz. A mãe das crianças de nove e 12 anos afirma que é preciso saber usar as ferramentas de tecnologia. "A internet é uma ferramenta muito boa para muitas coisas, mas, quando não se sabe usar, a gente bota o inimigo dentro da nossa casa."
SAIBA COMO PROTEGER AS CRIANÇAS ENQUANTO NAVEGAM NA INTERNET |
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G1
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