Luanda - A UNITA tentou tomar o poder pela força em Luanda, num golpe de estado fracassado que redundou em tragédia para centenas de angolanos inocentes e quase custou a vida a Abel Chivukuvuku. Felizmente, oficiais das FAA conseguiram salvá-lo do linchamento popular, quando a coluna de viaturas em que seguia, na Estrada do Cacuaco, abria fogo indiscriminado contra as pessoas. Fracassado o golpe, foi apreendida abundante documentação na sede da UNITA em S. Paulo que demonstrava a estratégia de tomada do poder pela força. Um dos papéis, assinado por Sean Cleary, guru de Savimbi, explicava como a organização devia agir, no dia seguinte à proclamação dos resultados eleitorais: “se ganharmos, está tudo bem. Se perdermos, declaramos que houve fraude e tomamos o poder pela força”.
Os documentos revelavam a existência de “comandos” prontos a atacar numa quinta em Viana, no Cacuaco e em vários pontos da cidade de Luanda, nomeadamente na Maianga, onde Salupeto Pena montou o estado-maior do golpe.
Um dia destes ouvi Abel Chivukuvuku numa rádio privada fazer afirmações que me deixaram surpreendido. Não porque tenha dito algo de novo. Exactamente pelo contrário. O líder da nova coligação, que ainda não sabemos quanto vale ou se vale alguma coisa, repetiu os ensinamentos do sul-africano que assessorava Savimbi nas eleições de 1992. Tantos anos depois e com uma cisão com a UNITA pelo meio, Chivukuvuku continua a achar que a lição do mestre ainda tem pernas para andar. O entrevistador perguntou a Chivukuvuku se aceitava os resultados eleitorais em caso de derrota da sua coligação. E ele respondeu, sem pestanejar:
- Eu vou ganhar. Não tenho nada que me pronunciar sobre um cenário de derrota!
Savimbi também garantia aos sete ventos que ia ganhar e que depois das eleições, “os caudilhos nem sequer ficam com os pés para fugir”. Os “caudilhos” eram todos os que ele identificava com o MPLA. Portanto, quem não lhe caísse no goto, ficava sem pés para fugir. Foi com essa declaração que ele perdeu as eleições e tudo o resto. Chivukuvuku pode dizer que vai ganhar as eleições. Mas tem que admitir qualquer outro cenário. E atendendo ao seu passado, tem o dever ético de explicar aos angolanos se aceita ou não os resultados eleitorais. Apenas por uma razão. Foi ele o escolhido por Savimbi para, no Huambo, declarar que se a Comissão Nacional Eleitoral e a ONU proclamassem os resultados eleitorais, “a UNITA vai reduzir Angola a pó”.
Eu pessoalmente quero saber se o líder da CASA, em caso de derrota, aceita o veredicto popular e felicita os vencedores. Porque quem concorre a eleições sabe que só há dois resultados possíveis: ter mais votos que os outros e ganha. Ou ter menos que os outros e perde. Como não respondeu à pergunta que lhe foi feita numa rádio privada, daqui lhe repito a pergunta: em caso de perder as eleições, aceita os resultados eleitorais?
A sua resposta é imprescindível. Não quero chegar ao dia das eleições com essa dúvida. Muito menos posso admitir que o jovem turco de Savimbi volte a ameaçar com a redução de Angola a pó, apenas porque os eleitores preferiram votar noutros partidos e não lhe deram a vitória.
Os partidos e as coligações são a seiva da vida democrática. Por isso eu saúdo e aplaudo o nascimento de mais um partido. Faço votos para que Abel Chivukuvuku tenha muitos êxitos na vida política e seja capaz de enriquecer o debate democrático. Mas ao furtar-se a responder se aceita os resultados eleitorais, sejam eles quais forem, deixa-me preocupado. E ainda mais quando vejo que este não é o único velho truque que usa.
Na inauguração da sede da CASA, Chivukuvuku fez um discurso sobre a “fraude” e garante que ela já começou. E como? Ele responde com a velha ladainha na ponta da língua: “os órgãos públicos de comunicação social não divulgam as acções dos partidos da oposição”. Ele sabe que isso é mentira. E sabe sobretudo que se os partidos da oposição não têm mais visibilidade mediática é por sua exclusiva responsabilidade. Nada fazem para dar nas vistas. Ou nada têm para dizer à sociedade, o que é mais grave. Quem não sabe o que é a democracia, tem muita dificuldade em respeitar a liberdade de imprensa.
Apenas tem olhos e ouvidos para os propagandistas de serviço. Nisto, Chivukuvuku é igual a todos os outros dirigentes da oposição. Se só tem coisas destas para dizer, não precisava de se dar ao trabalho de fazer um novo partido. Os que existem, chegam e sobram.
Um dia destes ouvi Abel Chivukuvuku numa rádio privada fazer afirmações que me deixaram surpreendido. Não porque tenha dito algo de novo. Exactamente pelo contrário. O líder da nova coligação, que ainda não sabemos quanto vale ou se vale alguma coisa, repetiu os ensinamentos do sul-africano que assessorava Savimbi nas eleições de 1992. Tantos anos depois e com uma cisão com a UNITA pelo meio, Chivukuvuku continua a achar que a lição do mestre ainda tem pernas para andar. O entrevistador perguntou a Chivukuvuku se aceitava os resultados eleitorais em caso de derrota da sua coligação. E ele respondeu, sem pestanejar:
- Eu vou ganhar. Não tenho nada que me pronunciar sobre um cenário de derrota!
Savimbi também garantia aos sete ventos que ia ganhar e que depois das eleições, “os caudilhos nem sequer ficam com os pés para fugir”. Os “caudilhos” eram todos os que ele identificava com o MPLA. Portanto, quem não lhe caísse no goto, ficava sem pés para fugir. Foi com essa declaração que ele perdeu as eleições e tudo o resto. Chivukuvuku pode dizer que vai ganhar as eleições. Mas tem que admitir qualquer outro cenário. E atendendo ao seu passado, tem o dever ético de explicar aos angolanos se aceita ou não os resultados eleitorais. Apenas por uma razão. Foi ele o escolhido por Savimbi para, no Huambo, declarar que se a Comissão Nacional Eleitoral e a ONU proclamassem os resultados eleitorais, “a UNITA vai reduzir Angola a pó”.
Eu pessoalmente quero saber se o líder da CASA, em caso de derrota, aceita o veredicto popular e felicita os vencedores. Porque quem concorre a eleições sabe que só há dois resultados possíveis: ter mais votos que os outros e ganha. Ou ter menos que os outros e perde. Como não respondeu à pergunta que lhe foi feita numa rádio privada, daqui lhe repito a pergunta: em caso de perder as eleições, aceita os resultados eleitorais?
A sua resposta é imprescindível. Não quero chegar ao dia das eleições com essa dúvida. Muito menos posso admitir que o jovem turco de Savimbi volte a ameaçar com a redução de Angola a pó, apenas porque os eleitores preferiram votar noutros partidos e não lhe deram a vitória.
Os partidos e as coligações são a seiva da vida democrática. Por isso eu saúdo e aplaudo o nascimento de mais um partido. Faço votos para que Abel Chivukuvuku tenha muitos êxitos na vida política e seja capaz de enriquecer o debate democrático. Mas ao furtar-se a responder se aceita os resultados eleitorais, sejam eles quais forem, deixa-me preocupado. E ainda mais quando vejo que este não é o único velho truque que usa.
Na inauguração da sede da CASA, Chivukuvuku fez um discurso sobre a “fraude” e garante que ela já começou. E como? Ele responde com a velha ladainha na ponta da língua: “os órgãos públicos de comunicação social não divulgam as acções dos partidos da oposição”. Ele sabe que isso é mentira. E sabe sobretudo que se os partidos da oposição não têm mais visibilidade mediática é por sua exclusiva responsabilidade. Nada fazem para dar nas vistas. Ou nada têm para dizer à sociedade, o que é mais grave. Quem não sabe o que é a democracia, tem muita dificuldade em respeitar a liberdade de imprensa.
Apenas tem olhos e ouvidos para os propagandistas de serviço. Nisto, Chivukuvuku é igual a todos os outros dirigentes da oposição. Se só tem coisas destas para dizer, não precisava de se dar ao trabalho de fazer um novo partido. Os que existem, chegam e sobram.
Fonte: JN
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