Militares tomaram o poder pela força no Mali, dissolveram as instituições do Estado, suspenderam a Constituição e decretaram recolher obrigatório.
Uma fonte militar disse, à France Press, que o Presidente da RepÚblica “está bem e em lugar seguro”.
O porta-voz dos amotinados, tenente Amadou Konaré, justificou a acção “pela incapacidade do Presidente Amadou Toumani Touré gerir a crise no norte do país provocada pelas acções da rebelião tuaregue e de grupos islamistas armados”.
Os militares anunciaram a criação de um Comité Nacional para o Restabelecimento da Democracia e a Restauração do Estado, que assume o poder.
O líder do Comité, capitão Amadou Sanogo, prometeu restaurar o poder civil e formar um Governo de unidade nacional. O golpe de Estado suspende a preparação das presidenciais marcadas para 29 de Abril.
Amadou Touré
Uma fonte militar, que pediu anonimato, disse que o Chefe de Estado está bem, com os ministros da Segurança e da Defesa, mas não referiu o local.
Outra fonte afirmou que o Presidente está refugiado no Quartel de Djikoroni-Paras, em Bamako, que acolhe a companhia de comandos para-quedistas, a que pertencia Amadou Toumani Touré.
A mesma fonte disse desconhecer se o Chefe de Estado deposto está ao quartel por vontade própria.
Comunidade Internacional
A União Europeia condenou o golpe de Estadoe apelou ao regresso da ordem constitucional no Mali. O porta-voz do Alto Representante para a Política Externa de Bruxelas condenou a “tomada de poder pelos militares e a suspensão da Constituição” no Mali e referiu que o “poder constitucional deve ser restabelecido logo que possível”.
Michael Mann apelou “à preservação da segurança e liberdade dos habitantes do país”.
Antes do anÚncio da tomado do poder pelos rebeldes, a Comissão da União Africana anunciou estar “profundamente preocupada com os actos condenáveis perpetrados por alguns elementos do Exército do Mali” e o Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, apelou à calma e a resolução democrática das divergências.
Ministros detidos
Pelo menos, 50 elementos da guarda presidencial morreram, na quarta-feira à noite, nas proximidades do palácio, em combates entre militares leais ao Chefe de Estado e golpistas, confirmaram fontes da protecção civil.
Elementos do Governo foram detidos em Bamako, o aeroporto internacional da capital foi encerrado e todos os voos anulados, disse uma fonte aeroportuária. A circulação de automóveis e de pessoas decorre com relativa normalidade.
O golpe de Estado, liderado por militares com patente de capitão ou inferior, aumenta a situação de insegurança na região, que luta contra agentes locais da Al Qaeda e com o crescente tráfico de armas provenientes da Líbia.
Organização Africana condena golpe de Estado
A União Africana e a Comunidade Económica de Estados da áfrica Ocidental (CEDEAO) condenaram o golpe de Estado no Mali e exigiram o respeito pela ordem constitucional. O presidente da Comissão da União Africana recordou, em comunicado, que a organização “condena qualquer tentativa de tomada do poder pela força” e exigiu respeito “pela legitimidade constitucional representada pelas instituições republicanas, incluindo o Presidente da RepÚblica, Amadou Toumani Touré". Jean Ping disse estar “muito preocupado pelos reprováveis actos cometidos por alguns elementos do Exército em Bamaco, onde a União Africana promoveu, esta semana, uma reunião sobre paz e segurança”.
A CEDEAO também condenou “as equivocadas acções dos rebeldes” e advertiu que “não pactua com o recurso à violência como meio para conseguir um desagravo".
O presidente da Comissão da CEDEAO lembrou aos militares malienses sua “responsabilidade sob a Constituição” e reiterou “a política de tolerância zero da Comunidade Económica perante qualquer tentativa de conseguir ou manter o poder por meios inconstitucionais”.
Kadré Désiré Ouedraogo afirmou que a CEDEAO acompanha os acontecimentos no país e vai responder de “maneira adequada” “a qualquer tentativa de perturbar mais a já precária situação de segurança” no Mali.
O Governo argelino, que também condenou o golpe de Estado militar, disse rejeitar firmemente o recurso à força e reafirmou o “forte compromisso” com o restabelecimento da ordem constitucional.
“As questões internas do Mali devem ser solucionadas com o funcionamento normal das instituições legítimas e dentro do respeito pelas normas constitucionais”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Argélia.
Fonte: angola24.net
Comentários
Enviar um comentário